Atleta de fim de semana, dentista que está há 30 anos no tiro é 5º do mundo
Rodrigo Bastos ficou próximo da medalha no Mundial, ganha a vida no consultório, já esteve em duas Olimpíadas e, mesmo sem o apoio necessário, deve brilhar em 2016
- Preciso fazer uma preparação que eu fique exclusivamente voltado para o tiro. Sou dentista, tenho que manter o consultório, não consigo ficar só no esporte - disse Rodrigo Bastos.
Rodrigo Bastos leva a vida no consultório como dentista (Foto: Acervo pessoal)
Hoje com 47 anos, Rodrigo surgiu no esporte no meio da década de 1980, como principal atleta do país na modalidade. Em 1987, esteve nos Jogos Pan-Americanos de Indianápolis e, no ano seguinte, representou o Brasil nas Olimpíadas de Seul. Depois de não chegar à decisão da prova, o atirador abandonou a carreira por uma década:
- Parei por dez anos. Fiquei absolutamente parado. O que me fez voltar depois de tanto tempo, no início dos anos 2000, foi gostar muito do esporte. A gente faz porque gosta - contou Rodrigo, que conquistou a prata no Pan de 2003 e disputou as Olimpíadas de Atenas 2004, ficando em 14º lugar.
Rodrigo Bastos discutiu com o árbitro durante o Mundial (Foto: Divulgação/CBTE)
O "quase" faz parte da carreira de Rodrigo. No Pan de 2003, a medalha de ouro escapou por apenas um prato. No Mundial de 2010, terminou na 16ª posição, a apenas um prato da vaga olímpica para Londres 2012. Era a segunda edição seguida das Olimpíadas de que ele ficava fora. No início de setembro deste ano, o paranaense participou do Campeonato Mundial de tiro esportivo e ficou em quinto lugar, após perder o desempate para disputar a medalha de bronze:
Rodrigo Bastos vem evoluindo ano a ano
- Fiquei feliz com o quinto lugar porque treinei muito menos do que o necessário - disse o atleta, quediscutiu o árbitro e acabou sendo eliminado por demorar para fazer seu disparo.
As duas Olimpíadas que tem nas costas pouco acrescentam em sua experiência. Segundo o atleta, ele participou de Seul-1988 e Atenas-2004 sem a mínima condição estrutural:
- Fiz duas preparações pífias para as Olimpíadas. Tenho que entrar em igualdade de condições com o restante dos atletas. Eu cheguei com um peso grande em participar das Olimpíadas, mas com a expectativa de sucesso bem pequena - contou.
Com apenas um patrocinador pessoal, uma marca de ferramentas, Rodrigo tem dificuldades para se manter no tiro esportivo. O alto custo dos equipamentos é uma delas. Cada prato que é destroçado quando atira lhe custa R$ 0,90, mesmo preço de uma munição. Um atleta de alto rendimento precisa atirar 40 mil vezes ao ano. Apesar de ser o quinto do mundo, Rodrigo faz menos de 5 mil tiros por temporada, pois não tem condições de fazer o treino necessário:
Rodrigo Bastos reclama de não poder se dedicar exclusivamente ao tiro (Foto: Divulgação)
- Tem gente com três anos de carreira que já deu mais tiros do que eu em 35 anos. Fazendo da forma que eu faço, fico próximo da medalha, mas para ganhar eu preciso mudar um pouco o trabalho. Estou beliscando a medalha, vai dar certo se eu tiver mais apoio - explicou o atleta.
O Brasil já tem nove vagas garantidas para as provas da modalidade nos Jogos Olímpicos de 2016. A Confederação Brasileira de Tiro Esportivo (CBTE) ainda não divulgou como será a distribuição das vagas olímpicas. O país ainda pode aumentar o número de atletas classificados, caso consiga bons resultados no Pré-Olímpico das Américas em 2015.
Rodrigo Bastos terminou na quinta posição o Mundial de tiro (Foto: Divulgação)
Postado por Thom Erik Syrdahl
Fonte Globo.com - Globo Esporte
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Fonte Globo.com - Globo Esporte
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