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domingo, 20 de julho de 2014

Mulheres brasileiras fazem história com participação no Mundial de Tiro Esportivo Paralímpico


Debora Campos durante a sua participação no Mundial de Suhl (Foto:
Debora Campos durante a sua participação no Mundial de Suhl 
O Mundial de Tiro Esportivo, competição realizada na cidade de Suhl, Alemanha, até o dia 26 deste mês, ficará para a história do movimento Paralímpico brasileiro. Pela primeira vez, mulheres fazem parte da delegação brasileira, que conta com um total 11 atletas: Beatriz da Cunha, Debora Campos e Karolina Podlasinski são as representantes do país na principal competição da modalidade nesta temporada.
As três possuem experiência internacional, pois já haviam competido em etapas de Copa do Mundo. Agora, vão além e participam do Mundial, evento que ocorre apenas de quatro em quatro anos – o último foi em Zagreb, Croácia, em 2010.
“É muito importante para as atletas e para o CPB a presença delas neste Mundial. Isso demonstra que as mulheres estão tendo uma evolução e estão conseguindo os índices. Espero que elas continuem bem e que aumente ainda mais o número de adeptas ao esporte”, ressaltou o coordenador técnico da modalidade, Fernando Cardoso.
Nascida no Rio de Janeiro, Debora Campos, 38, começou a prática de tiro esportivo em 2009, em Curitiba, onde vive. Na época, acompanhou a convocação de quatro de seus colegas de treinamento para o Mundial de Zagreb. O fato mexeu com ela. Desde então, a carioca começou a planejar a sua participação.
“Eu lembro que falava para mim mesmo o quanto seria bom participar de um Mundial. Fiz a promessa de que na próxima edição eu estaria presente. Estou há quatro anos planejando estar aqui. É a realização de um sonho a minha participação”, afirmou.
Em julho de 1987, Debora foi atropelada em Itaboraí (RJ). Dez meses depois, perdeu a perna direita devido a complicações. O fato nunca foi um empecilho para ela. Não impediu, por exemplo, que ela conseguisse a classificação para disputar três provas no Mundial de Suhl (P2, Pistola de Ar – 10m Feminino; P3, Pistola Sport – 25m Misto e P4, Pistola Livre – 50m Misto).
Hoje, o maior desejo da atleta é de que o Brasil tenha um número maior de participantes mulheres, a fim de incrementar as disputas nacionais. “Sou uma caçadora de talentos. Sempre que vejo uma mulher com alguma deficiência na rua me apresento, falo do esporte. Somos poucas mulheres praticando o tiro esportivo no Brasil e eu faço a minha parte para que isso mude”, ressalta.
Já a paulista Beatriz Cunha integra a modalidade desde 2008. Como é hábito entre os praticantes do tiro, seus primeiros passos na disciplina ocorreram com pistolas de ar. “Tenho muito o que evoluir ainda na pistola de ar, mas é um desejo meu ampliar o meu leque de provas e ajudar a aumentar a quantidade de mulheres no tiro”.
Beatriz nasceu com mielomeningocele, uma doença congênita no qual a espinha dorsal e o canal espinhal não se fecham antes do nascimento. Por recomendação médica, nadou até 2007, quando decidiu mudar de esporte. “Eu acho que pratiquei todos os esportes que poderia. Quando cheguei ao tiro esportivo, foi uma paixão”, explica. O treino árduo dos últimos meses lhe trouxe evolução. “Meu objetivo na carreira era participar de um Mundial. Eu estou muito feliz e já me considero uma vencedora só de estar entre as melhores do mundo”, completou.
A outra brasileira na delegação é Karoline Podlasinski, 30. Com pouco mais de dois anos no tiro esportivo, a gaúcha tem obtido bons resultados em seus eventos favoritos. Ela fará parte da prova da Carabina de Ar 10m – Misto – Posição em pé em Suhl.
Aos 14 anos, devido a uma doença chamada ataxia de Friedreich, que é hereditária, Karoline perdeu parte dos movimentos. Chegou a fazer esgrima, mas a falta de agilidade a impedia de ter bons resultados. No tiro esportivo, no entanto, pôde encontrar um motivo de alegria. “Eu era muito triste e não fazia quase nada. Hoje em dia, tenho motivação para treinar. Quero representar bem o meu país na Alemanha”, disse.
Resultados
Debora Campos e Beatriz Cunha estrearam neste domingo, 20, no Mundial de Tiro Esportivo. Ambas competiram na prova de P2, Pistola de Ar – 10m Feminino. Debora fez uma boa prova e terminou na 9ª colocação, com 360 pontos. Beatriz ficou em 31ª ao somar 337 pontos.
Com a marca, Debora Campos conseguiu o índice mínimo para estar nos Jogos Paralímpicos do Rio-2016, mas ainda não garantiu a sua presença na competição.
Os homens do Brasil também atiraram neste domingo na Pistola de Ar. Assim como Debora, Ricardo Costa fez o índice mínimo para a competição no Rio de Janeiro. Ele terminou em 11º com 556 pontos. Já o gaúcho Geraldo Von Rosenthal finalizou o evento com 536 pontos e ficou em 50º lugar.
A competição segue para os brasileiros. Nesta segunda-feira, 21, Carlos Garletti, Helcio Perilo e Geremias Soares competem às 4h50 (horário de Brasília) na R3, Carabina de Ar 10m – Posição deitado Misto.
O Mundial de Tiro Esportivo tem a participação de 270 atletas de 55 países. O evento distribuirá 63 vagas para os Jogos Paralímpicos do Rio-2016. Os que não obtiverem índice neste ano, ainda poderão tentar nas etapas da Copa do Mundo da próxima temporada.
Assessoria de Imprensa do Comitê Paralímpico Brasileiro em Suhl
Rafael Moura (rafael.moura@cpb.org.br / 61 8161 9271 – disponível no Whatsapp)
Postado por Thom Erik Syrdahl

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